quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Aos amigos que não se encontram



Sabe aquele amigo que você não vê há algum tempo? Aquele mesmo que você nem pensa mais, mas quando sonha com ele, ainda ouve a voz exatamente como era. Ou que quando você come “baião de dois”, lembra: “A mãe daquele meu amigo fazia um maravilhoso”.


Sabe aquele amigo que jogava futebol com você? O que ganhou com você campeonatos, troféus; é ele: vocês faziam as melhores tabelas, os melhores passes. Você era são-paulino, ele, corintiano, mas os dois não discutiam sobre isso. Futebol estava abaixo da amizade de vocês.


Você lembra daquele amigo que uma vez jogou “Donkey Kong 3” com você? Vocês não conseguiam passar a fase da aranha. Mas depois de umas quatro horas finalmente chegaram ao final; aí você disse: “Porra, que difícil.”, e ele respondeu: “Eu não achei muito, não”.


Sabe aquele seu amigo que certa vez decidiu não ir a uma excursão no ônibus da escola? Ele queria ir sozinho. Você foi com ele, é claro; afinal, eram amigos. Detalhe: vocês tinham onze anos e não sabiam chegar ao lugar, mas foram mesmo assim. Vocês se perderam. E você lembra quando você e seu amigo gostavam da mesma garota? Você a desejava, é claro, mas não ficava com ela para não magoar o seu amigo. Aí, um dia, ele a beijou, mas você não ficou triste; simplesmente olhou para outra garota e disse: “Posso gostar de você?”


E quando o seu amigo olhou para você e disse: “Você é o meu melhor amigo”, lembra disso? E você retribuiu: “Você é tão meu amigo quanto eu gostaria que meu melhor amigo fosse”. Ele achou estranho, mas no fundo sabia que você era chegado em frases diferentes.


E aquele amigo que brigou com você sem motivo, você lembra? Isso, é ele mesmo; vocês ficaram três anos sem se falar, estudando na mesma sala, um do lado do outro, fazendo parte da mesma turma. Sim, você não falou com ele, não trocaram nenhuma palavra nos três anos, mas todo mundo sabia que os dois morriam de vontade de voltarem a conversar.


E foi assim o final: ele mudou de escola. Você mudou para outra diferente. Voltaram a se falar, finalmente. Pelo Orkut. Viva o Orkut! Mas não passou disso, infelizmente. Maldito Orkut! Ele agora mudou para o interior, só às vezes vem para São Paulo. É, mas agora você lembrou dele, não é? Não é apenas mais uma fotinha na sua página inicial do Orkut. Você lembrou! Parabéns! Mas vocês se reencontraram um dia desses no metrô. Já fazia quatro anos que não se viam, né? E o que aconteceu? Sobre o que conversaram? Foi como antigamente? Marcaram de sair para beber uma cerveja?


Não, né? Nada disso aconteceu. Deram aquele “oi” obrigatório e só. Ele foi para o lado dele, você para o seu. E foi isso. E agora, nós – sim, nós; eu, você e nossos melhores amigos – pensamos: “É o pior fim para uma amizade.”

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